Derrida e a língua do outro

Derrida e a língua do outro
A filosofia é a ciência primeira No ensaio “Violência e Metafísica”, dedicado a um debate com o filósofo Emmanuel Lévinas, Derrida revisita Ulisses, de Joyce, reavendo a questão: “Nós somos gregos? Nós somos judeus? Mas quem, nós? Somos primeiro judeus ou primeiro gregos?”. Se para um “judeu grego” como Walter Benjamin, o messianismo e, portanto, a ideia de “origem”, é um operador essencial, Derrida é um “grego­‑judeu” para quem a “origem” é objeto da Desconstrução. Para Derrida, a Filosofia é a “ciência primeira”; para Benjamin, a Teologia. Derrida desconstrói a noção de origem e, com ela, a ideia de Nação, compreendendo­‑a não a partir da política, mas a partir da língua, na diferença (différance) entre Nação política e Nação cultural, desconstrução que interroga a natureza da hierarquia política das Nações e do poder de que seu prestígio é portador. A Desconstrução não é a passagem da estabilidade – garantida pela ideia de centro – para a “modernidade líquida”, mas a apreensão da flexibilidade e do descentramento. Eis porque a différance não se refere mais ao logos, mas a forças que não se estabilizam em uma identidade. A différance traz consigo o conceito freudiano de Entstellung – deformação e deslocamento, pois a “défiguration” diz respeito a uma incerta territorialização. Diferença e diferenciação, presentes no diferir, no adiamento, envolvem o tempo. É este o percurso derridiano em Fichus, discurso de recepção do prêmio Adorno em Frankfurt. Referindo­‑s

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