Revista CULT chega aos 15 anos

Revista CULT chega aos 15 anos

Por ocasião do aniversário de 15 anos da revista CULT, personalidades da cultura e da crítica dão sua opinião sobre a publicação, destacando sua qualidade, longevidade e abrangência e, também, criticando: a cobertura de teatro e resenhas de livros devem ser incrementadas.

SILVIANO SANTIAGO, crítico e professor emérito de literatura da Universidade Federal Fluminense

“A CULT é importante por ser uma das únicas revistas com certa continuidade em um mercado onde as publicações vem e vão. Por ter 15 anos, demonstra ter se consolidado com certa tradição e um público fiel.

Seu ponto forte é o fato de ter um caráter temático. Acho indispensável o fato de ter um nó central, de não ser fragmentada.”

MILTON HATOUM, escritor, ganhador do Prêmio Jabuti com o romance Relato de um Certo Oriente

“A CULT é uma das revistas mais importantes de nosso jornalismo cultural nos últimos 15 anos, pois se aprofunda em certos assuntos e publica ótimas entrevistas com escritores, filósofos, artistas e intelectuais. Era uma publicação que estava faltando no Brasil.

Vejo como ponto positivo o fato de não ser hermética ou acadêmica, mesmo tratando de assuntos com tamanha profundidade. Porém, ela poderia inovar mais em sua diagramação. Sinto falta de imagens e capas mais ousadas.”

SÍLVIA FERNANDES é professora titular no Departamento de Artes Cênicas da USP

“A continuidade por mais de uma década define um perfil editorial ousado, que se arrisca no tratamento de assuntos considerados pouco comercializáveis no mercado editorial. Nesse sentido, a CULT consegue abrir uma formidável rede de relações entre literatura, arte e filosofia, tornando-se um marco na crítica cultural brasileira. O que sempre me encantou nela foram os dossiês de filosofia, que contribuíram para afiar a capacidade reflexiva do leitor.

Mas sinto falta de um espaço maior [para] outros criadores do teatro contemporâneo.”

JOEL BIRMAN, psicanalista e professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

“Por não ser acadêmica, a CULT exerce uma contribuição fundamental ao inserir na mídia o debate sobre o campo da cultura e do pensamento.

Vejo nela dois pontos positivos: os números monográficos – que permitem a atualização em autores ou temas – e as resenhas críticas, que, diferentemente das resenhas superficiais vistas na grande mídia, permitem o aprofundamento do debate cultural. Nesse ponto, a CULT me lembra muito a Magazine Littéraire”.

WALNICE NOGUEIRA GALVÃO, professora emérita de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP

“A CULT tem feito um trabalho muito bom nos últimos 15 anos, contribuindo bastante para o debate da cultura no Brasil. Gosto da atenção que dá aos lançamentos de livros internacionais, sem ficar presa apenas ao Brasil. Se continuar por esse caminho, mantendo a qualidade, continuará sendo uma ótima publicação.”

MARGARETH RAGO, professora titular de História na Unicamp

“A CULT é muito boa por trazer temas que não são pautados pelas publicações da grande mídia e até mesmo pelos veículos mais de esquerda, que tendem a focar temas políticos em detrimento dos culturais. Ela abriu um espaço que simplesmente não existia e é a única que o ocupa.

Mas poderia tratar mais de temas feministas, pensando na inegável emergência feminina que o Brasil tem experimentado na última década.”

CRISTIANO MASCARO, fotógrafo

“A principal característica da CULT é sua diversidade, pois engloba todas as manifestações culturais, sem distinção. É uma revista para todos.”

TEIXEIRA COELHO é coordenador e curador do Museu de Arte de São Paulo

“A CULT surgiu num momento de certo vazio de publicações específicas sobre a cultura. Durante a ditadura, havia várias – Argumento, Revista Civilização Brasileira, Opinião. Depois, com a ‘normalidade’ cultural, a necessidade de publicações assim arrefeceu, jornais diminuíram os espaços dedicados em profundidade à cultura e a ideia de ‘serviço cultural’ prevaleceu sobre a de debate cultural.

A CULT trouxe essa tendência de volta, num movimento audacioso e desprendido, pela quase ausência de interesse comercial. Seu aspecto mais positivo é sua própria sobrevivência – ela superou o ‘mal dos sete números’ de que falava Monteiro Lobato. Se a CULT persiste, é porque responde a alguma necessidade.

Mas ela precisa aumentar o tamanho de cada colaboração: as publicações de cultura no Brasil ainda são nanicas, em extensão das matérias e em número de páginas, quando comparadas às americanas, francesas e inglesas.”

ANGELA ALONSO, professora de sociologia na USP

“A revista tem esse sabor de falar de humanidades em geral, juntando ciências sociais, letras e artes, levando o conhecimento produzido por especialistas para além dos muros da universidade. É o caso, por exemplo, do dossiê sobre Max Weber ou da entrevista com Robert Darnton [168]. O leitor recebe a informação diretamente do especialista, que é compelido a fugir do jargão ao falar a um público mais amplo. Isso é benéfico para ambos. Mas deveria haver mais resenhas.”

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