Ainda é preciso ler Freud?

Ainda é preciso ler Freud?
Sigmund Freud, aquele que resolveu o famoso enigma e foi um homem de enorme poder (Don Ivan Punchatz /Reprodução)

Fora do círculo familiar, os 50 anos de Freud foram festejados apenas pelo pequeno grupo de psicanalistas vienenses que se reuniam em sua casa todas as quartas-feiras desde o outono de 1902. A ocasião era propícia a comemorações: não sendo mais o único analista, sua psicanálise já ultrapassara os limites de Viena – a conquista dos “arianos” de Zurique neutralizara a vil acusação de “ciência judia”. Vivia-se a fase áurea da clínica psicanalítica e, em termos de publicações de fôlego, jamais haveria para Freud ano igual ao anterior (1905). Além do livro sobre os chistes e do “Caso Dora”, houve os Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, com o qual ele adicionara ao discurso do desejo (1900) o discurso da pulsão, definindo categoricamente os dois eixos centrais de sua investigação metapsicológica.

Como presente de aniversário, os alunos ofereceram-lhe um medalhão, realizado pelo escultor K. M. Schwerdtner. Sobre uma face, fora gravado o perfil de Freud, e sobre a outra, a cena de Édipo em frente à Esfinge. Em volta do desenho, um verso de Édipo Rei: “Aquele que resolveu o famoso enigma e que foi um homem de enorme poder”. Lendo a inscrição, Freud teria empalidecido: “Parecia ter visto um fantasma”, escreveu E. Jones. Depois de P. Federn admitir ser o autor da escolha da citação, Freud, agitado, contou que, quando jovem estudante de medicina na Universidade de Viena, costumava olhar os bustos dos antigos professores, imaginando que um dia poderia estar entre eles: o seu traria exatamente a mesma citação de Sófocles inscrita no medalhão com o qual acabava de ser honrado.

A posição de marginalidade e ruptura da psicanálise

Desse episódio, apenas a segunda parte do sonho diurno de Freud materializou-se: afinal, como o Édipo da mitologia, ele decifrou, no plano da cultura, o próprio enigma edipiano, adentrando os mistérios da sexualidade humana. Quanto a figurar entre pares, nem seria o caso, pois de fato jamais fora médico; foi um psicanalista e um magnífico professor. Mas, na Universidade de Viena, seu estatuto não passou de um professor extraordinarius, que, no regime acadêmico da época, designava quem se encarregava de cursos que não constavam do currículo oficial obrigatório.

Esse caráter marginal permanece também o destino da psicanálise, e mesmo seu grande trunfo ou talvez condição de sobrevivência. Na academia, em particular, a psicanálise não deve estar no centro de uma formação, mas exterior aos outros domínios. O próprio Freud assumia uma incompatibilidade com toda sorte de “existência oficial” e demandava “independência em todas as direções”. O professor francês Jean Laplanche afirma que o analista [e a psicanálise] nasce e desenvolve-se apenas na marginalidade e na ruptura, e não pode garantir-se senão preservando todo um jogo de extraterritorialidades, em todos os níveis: marginalidade do tratamento em relação às instâncias da vida cotidiana, da análise pessoal em relação aos requisitos das sociedades de analistas, do exercício da análise em relação às profissões reconhecidas (médico ou psicólogo), das instituições analíticas em relação às instituições e aos reconhecimentos oficiais etc. “Como analistas, como pesquisadores e como universitários, afirmamos (…) que a experiência analítica constitui um campo epistemológico específico e autônomo”. A contrapartida é que ela não seja propriedade privada de um indivíduo ou de uma instituição.

É que ao fim e ao cabo, como teoria do inconsciente, a psicanálise acabaria por se tornar indispensável para todas as ciências que se ocupam da gênese da civilização humana e de suas grandes instituições como a arte, a religião ou a ordem social. “Creio ter introduzido alguma coisa que ocupará constantemente os homens”, escreveu Freud a Binswanger, em 1911.

Não há qualquer anseio imperialista na pretensão freudiana. Se a disciplina por ele fundada deve interessar à psicologia, às ciências da linguagem, à filosofia, à biologia, à história da civilização, à estética, à sociologia e à pedagogia, isso não faz mais do que prolongar o movimento mesmo de seu próprio pensamento, “interessado” em todas essas disciplinas, conforme nos explica S. Mijolla-Mellor (Recherches en Psychanalise, 2004). Desse ponto de vista, antes de interessar a outros campos do saber ou da cultura, é a própria psicanálise que tem interesse nesses campos, sendo eles parte constitutiva dela própria. Quanto ao interesse das outras disciplinas pela psicanálise, é certo que tal movimento não elimina o fato da resistência – e esta diz respeito à vexação psicológica dos homens diante de seus desejos inconscientes tais como apontados pela invenção freudiana. Na fundação da Associação Psicanalítica Internacional, em 1910, Freud anunciou aos colegas: “Os indivíduos aos quais fazemos descobrir o que recalcam experimentam hostilidade a nosso respeito; não podemos esperar uma amabilidade simpática da sociedade para com aqueles que desvelam impiedosamente seus defeitos e insuficiências”. Em carta a Arthur Schnitzler, ainda escreveria que a psicanálise não é “um meio de se fazer amar”.

Devemos esperar, por isso, de tempos em tempos, vilanias tais como a infame e medíocre compilação de críticas publicada na França, em 2005, com o nome de O Livro Negro da Psicanálise, no qual Freud é tratado como falsário, trapaceiro e mentiroso (tal como faz agora, em 2010, Michel Onfray em O Crepúsculo de um Ídolo: a Fabulação Freudiana). Costuma-se aproveitar essas ocasiões para mais uma vez se falar em “crise da psicanálise”, o que Jacques Lacan (1901-1981), já em 1974, refuta com vigor, em termos definitivos: “A crise (…) não existe (…).” A psicanálise ainda não encontrou seus próprios limites. Há muito que descobrir na prática e no conhecimento. Em psicanálise não há solução imediata, mas apenas a longa e paciente busca das razões”. Além disso, há Freud, arremata Lacan, “que ainda não compreendemos inteiramente”.

FERNANDO AGUIAR é doutor e pós-doutor pela Universidade Católica de Louvain, Bélgica. Professor do Departamento de Psicologia e do PPG em Psicologia da UFSC


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(63) Comentários

  1. talvez seja essa posição q permita o olhar inovador e a contribuição diferenciada ainda hj da psicanálise em outras disciplinas. é incômodo, sempre será, por isso tb será sempre uma abordagem, se não válida, no mínimo interessante.

  2. Sim, ainda é preciso ler Freud, e sempre será. Que não se misturem, com intuito de anulação ou desmascaramento, o que era o homem e o que esse mesmo brilhante homem teve a capacidade de desbravar, abrindo um imenso e valioso portal para o entendimento de nosso psiquismo. Freud faz um convite a humildade, a nossa limitada condição humana, a nossa observação de nosso primitivismo potencial e, justamente por isso, nosso amadurecimento potencial. Para ler Freud, faz-se necessária a descida do pedestal e o golpe direto ao narcisismo… quem, de fato, aprecia tudo isso?

  3. A maior e melhor comprovação da atualidade da obra freudiana em torno da sexualidade, se encontra na frequência e profusão dos crimes passionais tão presentes em nossa época.
    Explicá-los sem o auxilio da teoria sexual de Freud é tarefa inglória.

  4. Tem sempre um idiota querendo aparecer às custas dos outros. Façam como Freud, construam sozinhos uma escola de pensamento. Só depois vocês terão cacife de criticar a obra dele.

  5. O Michel Onfray tem razão. Seus ensinamentos não custam nada aos ensinados e libertam mais do que aos psicanalisados, que custam tão caro… O problema de Freud é que ele não passava tb de um bom burguês. Daí os $$$$ de seus discípulos. Vade retro!

  6. moderação? Hummm!… Não tenho o direito de me exprimir como sou? Donde fica o que vocês nos cobram tão caro?

  7. Gostei deste reportagem sobre o pai da Psicanalise, pois muitos costumão esquecer a raiz do todo.

    Obrigado,

    Maikon

  8. Parabens ao autor. É muito fácil escrever sobre Freud. Com todos os defeitos humanos e profissionais dele, não se pode ignorar que precisamos muito, ainda, dele enquanto houver choro no mundo, como diz a Kuan Yin.

  9. Freud é indispensável a pessoa atormentada por impulsos “inconscientes” mas não os cura. É verdade que o Psicanalista que tenta mostrar ao paciente a causa da sua dor é veemnentemte rejeitado.
    Parece que o paciente tem duas forças dentro de si lutando para se impor e que ele é fraco para se livrar de uma ou de outra.
    Freud – devo muito a ele também.Ele me abriu portas de um mundo de idéias de outros pares dele (Erich From)e viva a cultura enfim.

  10. Muto bom o artigo. Freud derrubou muitos tipos de preconceitos em todas as áreas. Criou paradigmas para cultos e incultos. Tornou a psicanálise universal, conhecida, aprofundou-se no desconhecido e abriu caminhos para cientistas, professores e leigos. O resultado está aí em tantos livros, que de uma maneira ou de outra tentam perscrutar o enigma da alma.

  11. Mais do que uma ciência da alma a psicanálise é uma viagem ao desconhecido, ao incosciente. Ele é inegável, a todo tempo tropeçamos no nosso desejo. A culpa do nosso tempo não está ligada tanto à sexualidade e ao afeto mas principalmente ao afeto e ao poder. As teorias freudianas sã base para um debate contínuo e a busca do autoconhecimento e da construção das sociedades e seus valores. Pois, vivemos no mundo e existimos em um próprio mundo. Considero o pensamento de Freud uma luz que ajuda na construção da verdadeira liberdade.

  12. gostei muito do seu texto, fiz psicologia e por incrivel que pareça estudei Freud apenas um semestre em cinco anos de faculdade
    . fui conhecer e ler Freud muitos anos depois de formada acho esse um grave erro no curriculo das faculdades de psicologia. Gostaria de te fazer uma pergunta: quando assisto a um filme argentino percebo o lado psicológico dos personagens, vc acha que tem a ver com a força da psicanalise naquele país? Outra pergunta: A psicanalise influencia na forma como pensamos e agimos, pode a psicanálise ser a lente para estudar a gestão de uma instituiçao educacional? Onde ler e pesquisar esse assunto além dos textos psicologia das massas, o mal estar da civilização, Totem e tabu de Freud?
    Obrigada

  13. Qual a semelhança entre um psicanalista, um padre e um delegado???…Todos precisam de uma confissão para iniciar seu “inquérito”…Freud não +

  14. acho interessante a tentativa de se validar um conhecimento com a derrocada de outro. eu não sou um especialista na obra de Freud, o minúsculo conhecimento que tenho se resume a algumas abordagens em aulas no seminário e da leitura de alguns textos (o futuro de uma ilusão li há alguns meses). contudo acredito que a contribuição de Freud não seja obsoleta, pelo contrário. há em sua obra um toque de genialidade, que não foi bem aceita em sua época e ainda hoje também.
    independente do ponto de vista, não podemos negar que a reflexão de Freud esteve muito a frente de seu tempo. hoje temos a prova desse fato e não acredito que será considerada antiquada.

  15. Indispensável para entendermos a civilização são as neurociências, a primatologia, a arqueologia e a evolução humana. Freud fez o que pode com as ferramentas que tinha, muito provavelmente ficaria maravilhado com o que hoje fazemos utilizando técnicas como ressonância magnética funcional. Freud tem interesse histórico, já Lacan é um caso para a sociologia da ciência.

  16. O grande problema da Psicanálise e do próprio Freud foi a sua prepotência e arrogância, o que se constata na própria relação analista x paciente, em que o primeiro se acha o ser suposto saber, o detentor de todo o conhecimento do segundo e tudo o que diz a respeito deste é a verdade última, sem contestações. Diferentemente da Psicanálise, a Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung tem uma visão muito mais complexa e humana dessa relação. Assim como o terapeuta tem algo a acrescentar, o paciente também o tem. É uma troca, uma relação dialética em que ambos expôem seus pontos de vista e procuram atingir um terceiro entendimento. O processo terapêutico ocorre no temenos, um ambiente hermeticamente fechado onde a transformação ocorre. A terapia assim como a vida se dá por um processo alquímico, a passagem por todas as etapas de tal metáfora e a obtenção da pedra filosofal. A Psicologia Analítica vai além da Psicanálise, que é muito importante mas supervaloriza o papel da sexualidade na formação do ser humano, tudo para ela advém da sua teoria da sexualidade. A Psicologia Analítica tem uma visão teleológica da vida, finalista e a finalidade é o processo de individuação, o realizar-se como indivíduo, individuação não de ser individualista mas de conseguir atingir aquilo que se é verdadeiramente, o ser único e singular que cada um é. É um processo árduo, solitário, sofrido, o confronto com a sombra. Porém é desafiador. Poucos são os que conseguem. Freud criou uma igreja e não admitia quem discordasse um centímetro dele. Jung desde o início não concordou em 100% com suas idéias e Freud cortou definitivamente a relação entre eles após Jung escrever Símbolos da Transformação. A individuação da humanidade só é posível com a individuação de seus indivíduos. Freud fala do inconsciente pessoal e acaba por aí, não dá conta de tudo. Jung vai além, com o seu conceito de inconsciente coletivo. É ao meu ver uma psicologia muito mais profunda e complexa que a Freudiana, que é muito importante também mas é curta. Tudo o que Freud disse é verdade até a página 3, Jung amplia e aprofunda. A visão de ser humano, que deixa de estar dentro de um modelo positivista, causal para uma visão teleológica, finalista. Jung estudou alquimia, mitologia, estudo sobre religiões comparadas.
    Não podemos esquecer dos outros, Adler, Moreno, Pearls, os próprios comportamentais (apesar da psicologia destes ser a ponta do iceberg, simplória e superficial).

  17. sou estudante de psicologia e acho que realmente a teoria psicanalítica foi muito importante. FOI! claro q um conhecimento básico da teoria é interessante, mas atualmente existem formas de ver o mundo muito mais atuais.

  18. Quando lemos Freud, hoje, devemos ter em vista que ele é um produto do fim do século XIX europeu, a chamada Era Vitoriana, quando falar em sexo era proibido e, mesmo, vergonhoso.
    Nesse contexto, a pulsão sexual tinha que se apresentar como alguma coisa escondida, disfarçada. Para entendê-lo, melhor, numa época em que se desenvolve a Psicologia Cognitiva ou a Psicologia Evolutiva, devemos “traduzi-lo”, em conceitos mais atualizados.

  19. A próprio conceito de inconsciente é mais amplo. O inconsciente na visão junguiana não é um caldeirão desordenado em ebulição, cheio de coisas ‘horríveis’ recalcadas. Ele é organizado em complexos afetivos, alimentados pelos arquétipos. Portanto, além de sua dimensão pessoal, existe a dimensão coletiva. O inconsciente não tem só ‘coisas ruins’, possui ‘coisas boas’, potencialidades ainda desconhecidas do indivíduo. Ele também agrega, engrandece o sujeito. A análise junguiana visa a ‘libertação’, o retorno ao caminho da individuação que de alguma forma foi interrompido e o indivíduo não conseguiu prosseguir por si só. O terapeuta apenas vai ajudá-lo a retomar tal estrada, só isso. O terapeuta é um colaborador e assim como ele tem algo a acrescentar o cliente também o tem. Ambos saem transformados. Pode até ser que a pessoa que chegue ao consultório esteja num estágio evolutivo e numa expansão de consciência muito mais elavada que a do terapeuta e este irá aprender e apreender muito mais que acrescentar. É preciso ser ter humildade e querer crescer. O psicanalista em cima do seu pedestal, detentor da verdade última do universo infantiliza a relação, quando intensifica um fenômeno natural das relações interpessoais e a eleva a um nível neurótico, a ‘neurose de transferência’, intensificada com o postura de abstinência, a cara de coisa nenhuma, o ‘poker face’, aquela postura fria em relação ao paciente. É todo um ambiente artificial e desnecessário. A postura junguiana é muito mais natural, humana, o terapeuta pode expor seus sentimentos, não se infantiliza a relação e o principal objetivo é que o individuo retome sua caminhada de forma autônoma, caminhar por si mesmo. Por conta dessa infantilização é que se fica 500 anos em análise, num processo semelhante a uma cirurgia sem anestesia. Nada dessas coisas dogmáticas são necessárias, tudo o que a psicanálise contempla, o édipo, etc, pode ser trabalhado pela via simbólica, por sonhos, arte, imaginação ativa, psicodrama interno, etc. Tem-se diversas abordagens, com técnicas muito interessantes, como o psicodrama, a gestalt.

  20. A visão freudiana é sempre e exageradamente apocalíptica. Não há apenas as trevas, a luz é também parte do todo e precisa ser contemplada. A vida é regida pela dinâmica dos opostos, o Yin-Yang, Tao, etc.

  21. voce sabe por que quando se cita autores psicanalistas internacionais de 30 anos para cá são apenas franceses? Porque quase não existe mais psicanalistas no mundo fora da França, Brasil e Argentina.
    Antonio

  22. gostei muito do texto, e realmente é difícil provar que os estudos de freud não foram uma alavanca para tudo que temos hoje na area da psicanálise.
    gostaria de ver outros textos a respeito desse assunto.
    obrigada!!!

  23. Ñunca devemos criticar Freud sem compreender de fato a sua grandiosa e imbatível obra, pois morreremos e Freud continuará vivo e ainda revolucionando. Não há nenhum grande pensador que o supere, mas existem muitos que o criticam levianamente a custa de seu sucesso para aparecer e ganhar dinheiro vendendo livros, tal como o Onfray e a Teoria do TCC. Além dos americanos da psicologia do ego que transgridem todo seu trabalho árduo ” a la American Way Of Life”. Pobres daqueles que acreditam que o objetivo da psicanálise é adaptar o ego do sujeito a sociedade. Ler Freud nunca é nem sem será demais. Vale a dica!

  24. As grandes descobertas que os pensadores, filósofos, descreveram e que ainda hoje persistem, são apenas opiniões pessoais daqueles que tiveram coragem de ousar, pesquisar, buscar informações sem simplesmente aceitar aquelas impostas pelas classes dominantes e pelas civilizações anteriores ou consideradas de inteligência superior. O Homem na sua totalidade é “ímpar” e a cada qual é dado o direito de opinar a sua compreensão dos fatos e não simplesmente se acomodar do que lhe foi falado. O Homem será sempre ele mesmo o seu próprio oponente.

  25. Lendo parte de seu trabalho compreendi o quanto Freud procurou ir bem no fundo de nossa consciência, e até o momento creio que para compreender esse caminho humano se faz cada vez mais necessário lê-lo e tamém aprender com os seus contemporâneos. Tentar destruí-lo é não perceber a contribuição dele para a história humana.
    Salva Freud.

  26. Marx, Nietzche e Freud. O entendimento da complexidade da ação humana passa pela leitura desses gênios marginais, fronteiriços, que como tal, definem até onde podemos entender o que está ocorrendo, conosco, com o outro, e com as coisas.

  27. Realmente, ao contrário da ciência, da religião, do senso comum, não se trata mesmo de se fazer amar o que postula a psicanálise, embora descortine mais sobre o amor, esta particularidade tão absolutamente humana. Decifrar, é um estatuto freudiano retomado por Lacan e que nos mantém na trilha do inventor.

  28. Como Paradigma, excelente, tal qual sua posição para entender o social. Visto que ainda vivemos em familias burguesas. Mas amplamente defasada por este atropelo de informações e mutações comportamentais. O meio passou a definir mais que o biológico ou o aprendido no seio familiar. Assim em ambientes de tranalho sim, mas como terapia individual…. ATRASADÍSSIMA. MAS QUE FREUD SEMPRE SERÁ FREUD INDISCUTÍVEL.

  29. SIM, todo conhecimento é útil, especialmente saber o errado para afirmação do que é certo. Se os que pensarem que somos animais racionais e não gente, que a memória está no Cérebro e não na MENTE, que a Saúde Mental tenha a ver com genética, bioquímica e efeitos do corpo e não ao contrário, então terá em Freud um ídolo.
    Mesmo pela importância de seus estudos, por fundamentarem o que é hoje a CIÊNCIA MODERNA DE SAÚDE MENTAL com cura para TODAS as doenças mentais, podemos render homenagens a todos os que contribuíram de alguma forma, mas dar um basta em equívocos e dados falsos, precisa muito mais do que uma PSICOLOGIA que não estudou a PSIQUE – o estudo da Alma, pensamento, sentimenos e emoções. OS EFEITOS DA MENTE SOBRE O CORPO, e isto, é algo de última geração poder entender e resolver as questões mentais definitivamente, o que já é possível.

  30. A verdade é que uma vez superadas questões edípicas, o indivíduo se volta mais intensamente para questões muito mais amplas e complexas, como o sentido de vida. E é dessas questões existenciais que Freud não dá conta, ele fala dos pormenores da existência humana, do nível pessoal e de forma reduzida. Chega a fase da metanóia, a passagem para a segunda metade da vida e apenas uma psicologia profunda como a psicologia analítica é capaz de abarcar tal etapa. O conceito de ‘libido’ é reduzido na Psicanálise, sendo que a idéia de energia psíquica é muito mais ampla e engloba também a questão da sexualidade.
    A questão é de que nenhum teórico e nenhuma teoria é capaz de compreender o ser humano em sua totalidade, este que é deveras complexo. Cada uma das teorias deu sua contribuição, umas com uma psicologia mais de superfície e outras mais complexas e profundas. Tem pessoas que chegam ao consultório e tem-se que trabalhar no nível comportamental, de adaptação social; outros precisam apenas de uma ‘boa dose de bom senso’; outros trazem demandas das quais Adler falou; outros questões edípicas precisam ser resolvidas e outros estão em uma etapa muito mais complexa e que a psicologia analítica nos permite ter uma compreensão.
    E essa amplitude de consciência não pode ser apenas do paciente, o terapeuta só consegue com o analisando até onde ele foi. Por isso é fundamental a sua análise pessoal, o trabalhar de suas questões, o estar aberto a apreender com cada alma que ele tenha contato.
    Qualquer que seja o caso, nunca se pode deixar de lado o olhar e o tratar humano com cada ser passa em nossa vida e Jung sabia muito bem disso e tem uma frase belíssima a respeito da psicologia e das inúmeras teorias:
    “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma humana.”

  31. Não se trata de ter lido ou não Freud e nem de mal tê-lo lido. A questão é de que quando se conhece a Psicologia Analítica, vê-se o quão curta é a Psicanálise. Depois que se entra em contato com a obra Junguiana tem-se uma ampliação da visão de ser humano e de mundo e a Psicanálise fica muito pequena e reducionista.
    Cassio meu caro, eu li sim Freud. E lê-lo não é nem um pouco dificil, desafiador é ler Jung. Só que após conhecer a Psicologia Analítica, é frustrante ficar apenas com as idéias freudianas. Elas tem lá sua importância mas são muito curtas!

  32. Freud não é nem de longe a resposta para tudo mesmo que os psicanalistas quererem que ele o seja.

  33. Amigos e amigas

    Ler Freud significa entrar em contato com uma grande escrita. Independendo de se concordar com suas teses, elas continuam incontornaveis como referencias para o pensamento. O Premio Goethe, de Literatura, foi atribuido muito corretamente a Freud pois ele ensina tanto quanto Tolstoi ou Fernando Pessoa.

  34. O que Freud não teria nos legado, apsara do grande legado, caso ele tivesse em mãos os equipamentos que temos hoje? ( tomografia computadorizada, ressonância magnética, e outros equipamntos e exames qu hoje temos?
    Ele fez demais…

  35. Pois é Cristiano….concordo contigo. Li muito Freud e penso que ele é indispensável. No meu caso, basicamente para falar mal. Fez a psicologia atrasar em décadas seu desenvolvimento. Mas concordo que é um dos melhores escritores de ficção que já li.

  36. Um dos maiores legados de Freud para civilização, na construção do saber psicanalítico, está na entrega de uma abordagem perversa em sua essência, no sentido psicanalítico, e por isso atemporal. O procedimento da psicanálise é um procedimento desconstrutivo da cultura humana e que, exatamente por conta dessa possibilidade de desconstrução, deve permanecer na marginalidade da cultura.
    A submissão à cultura, à norma, e portanto à rede de poderes que a sustentam, impossibilitariam a isenção necessária à sua análise, à defesa do sujeito…,do sujeito, bem entendido.
    Enquanto instrumento de desconstrução e desmascaramento, a abordagem é e sempre será objeto de amor e ódio, a depender dos “humores” da cultura vigente e dos cidadãos devidamente aculturados que transitam na civilização.
    O entendimento da abordagem psicanalítica requer isenção, para um navegar desde o Olimpo até o Ades, e uma capacidade intelectiva e de discernimento um pouco acima da média…
    Sigmund Freud foi uma grande pensador, pesquisador, um visionário, um grande cientista da “alma humana”…provavelmente, alguém que, se não insento, procurou essa isenção em sua obra, caso contrário não teria podido construir o conhecimento psicanalítico… Em relação a isso, eis uma questão importante: Seria possível a Foucault, por exemplo, produzir sua grande obra sobre a genealogia do poder, se não tivesse o mesmo uma boa dose de perversão em relação à cultura humana?!
    Pois bem, caros leitores, um bom exercício de libertação é analisar a essência e a subserviência dos nossos discursos, pois estes são uma construção e têm um senhor a servir!

  37. não cometamos o erro de cair no reducionismo ao tentar usar freud para entender a identidade humana. da mesma forma que freud disse que o homem é vontade de prazer, alfred adler disse que o homem é vontade de poder, e victor frankle, o homem é vontade de sentido.

  38. Paulo Cesar, graças a deus que a psicanálise atrasou o desenvolvimento da psicologia. A psicanálise é quase como uma ética que impede os abusos da psicologia a serviço do poder capitalista. E isso porque a ciência hoje anda lado a lado, de mãos dadas, com o capitalismo. Sendo assim, a psicologia tem sua justificativa de ser no reconhecimento da sociedade, ou seja, tem sua justificativa na eficácia em manter as coisas como estão. É só ver o papel dos testes psicológicos, da eliminação de sintomas pura e simplesmente com técnicas cognitivas-comportamentais, e etc. O sintoma, que vinha como metáfora de uma sociedade doente, é eliminado sem se questionar o sujeito que sofre, para que assim ele não questione a respeito de sua condição social. A psicanálise, no entanto, vem justamente pra subverter todo este saber psico-pedagógico, vem como uma ética que não se baseia nas demandas sociais, demandas estas alienadas, que geralmente o que visam são apenas lucros (basta ver o papel da psicologia nas empresas, nos testes psicológicos para seleção, e na “ajuda psicológica” com o objetivo de fazer o homem produzir mais e mais). A psicanálise é mais urgente do que nunca, e digo isso como estudante de psicologia.

  39. Eu gostaria de começar a ler Freud, mas não sei por qual livro começar. Será que alguém saberia me indicar?

    Grata.

  40. Freud – ou aquele que tentou curar (com cocaína), e matou? Psicanálise – ou uma crença que tentou ser ciência? Ooops! Cuidado! E não, não se trata de argumento contra o homem. É porque Freud jamais acertou; é porque a Psicanálise jamais teve relevância alguma para a humanidade. Ler Freud? Se você tiver tempo, leia Paulo Coelho. Se você quiser se decepcionar com aquele que decepcionou religiosos (ah, a “descoberta” do inconsciente serviu para apontar a algum lugar que talvez a neurologia se encarregue de dizer o que é, de fato), e escrever contra ele (para quê? Muitos já o fizeram, assim como Onfray (aqui: http://www.youtube.com/watch?v=r__Sx7AvY0w), vá em frente, porque você conseguirá. Mas só dirá algo a favor se você for muito crédulo.

  41. Se ainda preciso ler Freud? Eu já li, é interessante algumas coisas, outras são pura metafísica.

    Hoje prefiro ler neurobiologia e gosto de ler autores que levem em consideração as diversas culturas. Freud generalizou, não levou em conta outras culturas e seus símbolos, o que é importante pra mim não pode ser pra uma pessoa que mora lá no Alasca.

    Freud acusou as mães de serem culpadas pela maioria das doenças psíquicas das pessoas. Isso é infame. Se a psicanálise fosse ciência de verdade não teríamos tantas teorias da personalidades, tantos cortes em sua teoria pelos outros seus ex-discípulos, parece religião, precisa-se crer.

    A teoria dos sonhos dele não explica muita coisa, a teoria mais coerente pra mim é Allan Hobson, essa sim faz sentido e tem respaldo cientifico.

    Na minha opinião devemos ler com olhos críticos, e ver o que faz sentido e o que não faz, não só porque o autor é considerado e temos que aceitar sua teoria como um dogma.

  42. As comemorações são momentos relevantes de retomar os caminhos e principalmente os desvios interpretativos que se cristalizaram muitas vezes de maneira equivoca . Mais um momento para que possamos elucidar as contraditórias interpretações sobre Freud , suas ideias .

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